Diretores de cinema, produtores, atores, pesquisadores e público interessado no cinema e na produção audiovisual católica do Brasil, estiveram na abertura do 1º Fórum de Cinema Católico, evento gratuito que acontece dias 3 e 4 de julho na ExpoCatólica, no Pro Magno em São Paulo (SP). A cerimônia de abertura do evento contou com a participação de Angela Morais, Founder e CEO da Kolbe Arte, distribuidora nacional de cinema católico no Brasil, responsável pela curadoria do evento, Kiara Castro, diretora de eventos e comercial da Promocat, empresa realizadora da ExpoCatólica e do deputado estadual de São Paulo, Gil Diniz, que após a cerimonia, acompanhou a conferência de abertura, realizada pelo diretor, produtor e ator de cinema premiado, Alexandre Machafer, que falou sobre os “Desafios da produção audiovisual independente”.

Machafer produziu, dirigiu e atuou em Jorge da Capadócia, filme que foi premiado no Festival Mirabile Dictu, em Roma, com o prêmio de Melhor Diretor. A obra narra a história de do soldado Romano Jorge, que se torna capitão e posteriormente São Jorge, cultuado por muitos brasileiros, com destaque para o povo do estado do Rio de Janeiro, onde o santo é padroeiro e cuja data de sua memória litúrgica é feriado estadual.
“A história de São Jorge é pouco conhecida até mesmo entre os devotos. Muitos que cultuam o santo, não sabem a sua história e por isso, o filme tem essa missão muito importante que é tornar a história de São Jorge conhecida”, enfatizou Alexandre Machafer, que levou para a conferência outros aspectos da produção. Entre elas, a apresentação do trailer do filme, momentos de bastidores como making of, além de detalhes técnicos como a produção do dragão que aparece no filme e os 36 locais de gravações de cenas, incluindo a Turquia.
Dois principais desafios foram apontados pelo diretor nas produções independentes, o primeiro é a falta de incentivo e de patrocínio: “O cinema é um setor muito caro, onde os filmes muito facilmente atingem cifras de milhões, por isso as produções muitas vezes acontecem por meio de parcerias entre amigos”, esclareceu Alexandre, que precisou lidar com o baixo orçamento para realizar “Jorge da Capadócia”.
O segundo ponto abordado está na falta de abertura do mercado, incluindo os festivais, à produções católicas: “Tentei inscrever o filme em festivais nacionais que argumentaram não poderem aceitar devido inadequação da proposta” – por ser um filme que aborda o tema da religião. Alexandre lamentou que um filme com tantos elogios pela crítica e premiado internacionalmente, não tenha espaço dentro do Brasil.
Questões como essa são um dos motivadores para a realização do Fórum de Cinema Católico, uma vez que a falta de abertura para produções ligadas a esse segmento são enfrentadas com frequência.
A palestra de Alexandre teve duração de 40 minutos e o conteúdo reuniu os 16 anos de produção do filme “Jorge da Capadócia”, cinco deles dedicados a finalização, que iniciou em 2019. Essa trajetória envolveu todas as fases do processo, partindo da ideia, passando pelo roteiro, produção, captação, gravação, pós-produção e fase de distribuição. Tudo isso foi partilhado durante sua conferência, o que tornou a experiência dos que participaram enriquecedora no primeiro dia do Fórum.

Experiências de fé católica no cinema nacional
Além de Machafer, estiveram presentes outros grandes nomes do cinema brasileiro, que possuem em sua trajetória a atuação ou produção com obras que falam sobre a fé. Profissionais como a atriz Myrian Rios, que falou sobre “Como se preparar para interpretar uma personagem de fé”, onde pode falar sobre como se dá o seu processo de criação e a metodologia que ela desenvolveu a partir do momento que começou a interpretar personagens católicos.
O momento da conferência de Myrian Rios foi mediado pela angelóloga e escritora Loo Burnet, autora do livro que inspirou um dos próximos lançamentos da Kolbe Arte, “São Miguel Arcanjo, Santuário de Batalhas”.

Myrian partilhou sobre a experiência de interpretar a Irmã Catarina em uma minissérie da TV Século XXI. “Eu cheguei a dormir com o escapulário da irmã para conseguir viver a experiência de fé antes de entender como interpretar a irmã Catarina”, partilhou Myrian Rios.
Um outro momento esperado foi a participação de Suzana Castelo, atriz, apresentadora e produtora, que assina a produção do filme “Guido” (nome temporário), filme sobre Guido Schäffer, Venerável, que está em processo de beatificação, podendo se tornar o primeiro santo carioca. Suzana participou do Fórum em companhia do diretor do filme, o consagrado diretor Jayme Monjardin. O momento foi mediado por Angela Morais, da Kolbe Arte.
Ambos falaram sobre o trabalho com o filme, como se deu o encontro dos dois para essa obra e o elo de ligação: a experiência de fé e intercessão de Guido Schäffer.

Suzana relatou o nascimento da ideia de escrever sobre o filme, processo que se deu a partir de sua conversão ao catolicismo. Nesse caminho, de ida à missa diária e reconhecimento da fé como prática indissociável do cotidiano de todo batizado, Suzana Castelo encontro Guido Schäffer, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, onde estão os restos mortais do surfista e médico venerável.
“Guido foi seminarista, médico, carioca, surfista de ondas grandes, que atendia os pobres e pregava em grupos de oração”, assim Suzana começa falando sobre a vida de Guido que a encantou durante a sua conversão. A produtora e atriz ainda descobriu que já possuía uma relíquia de Guido há dez anos, que recebeu de sua sogra quando começou no Rio o movimento pela beatificação do surfista venerável.
O convite para a participação de Jayme Monjardin como diretor do filme também se deu nessa atmosfera mística de intercessão de Guido. Suzana relatou que queria tornar o filme uma grande obra cinematográfica e grandes profissionais.
“Apesar de ser do meio artístico eu não conhecia Monjardin do meu círculo de amizade, mas foi o nome dele que me veio quando pensei em alguém para dirigir. Entrei em contato com ele pelo Instagram e ele me respondeu imediatamente”, contou Suzana quando relatou a experiência com a construção do elenco de realização do filme.
Jayme Monjardin é um dos grandes diretores de televisão com atuação também em cinema. Sobre o convite, Jayme partilhou: “Eu frequentava a missa dominical e sempre encontrava com uma senhora distinta que me cumprimentava, mesmo sem eu a conhecer. Quando Suzana me convidou para sentar com a família e falarmos sobre o filme, qual surpresa minha quando vi que a senhora que me cumprimentava nas missas era a mãe de Guido Schäffer. Entendi que Guido havia me escolhido”.

O primeiro dia do Fórum foi finalizado com um coquetel e a apresentação do trailer de um dos próximos lançamentos da Kolbe Arte para o segundo semestre de 2025, “São Miguel Arcanjo, Santuário de Batalha”.
Além do Fórum, a Kolbe Arte está com um stand na ExpoCatólica que vale a pena visitar, onde além das novidades sobre as produções, você pode se inscrever para concorrer a uma peregrinação da Kolbe em parceria com a TrieloTour
Nos dias 4 e 6 de julho, ainda na programação da Feira, a Kolbe realiza a 2ª edição do Cinema ExpoCatólica, com sessões de exibição gratuita e exclusiva para os participantes da feira (veja programação completa aqui)